sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Maratona Rock'n'Roll Lisboa 2013 - A minha estreia nos 42,195 km

No sábado, ao preparar o equipamento, dei por mim a pensar se teria feito tudo bem na preparação desta maratona. Cheguei à conclusão que fiz o suficiente para acabar a prova e não cair para o lado. Nos últimos meses, tinha seguido um plano que incluiu treinos longos ao fim de semana, tinha falado com maratonistas e lido bastante sobre o tema. Além disso, tinha descansado muito nas duas semanas anteriores à prova. Portanto, estava calmo quando me deitei nesse dia. O que não evitou, ter tido dificuldade em adormecer.

No domingo, o plano era acordar cedo, deixar o carro perto da Gare do Oriente, apanhar o metro para o Cais do Sodré e aí o comboio para Cascais. Muita gente fez o mesmo plano.
Correu tudo como o previsto e a viagem de comboio para Cascais foi muito interessante. Eram mais estrangeiros que portugueses. Pelo que me pareceu, a maior parte eram Ingleses, Holandeses e Alemães. Tudo pessoal magro e bem equipado para correr. Fiquei junto a uns Ingleses bem dispostos e fui ouvindo o que diziam. Falaram de outras provas que tinham feito pela Europa e das peripécias aí vividas. E riam muito. E às tantas, já metiam conversa com os Holandeses. A viagem passou num instante.

Chegado a Cascais e ao local da partida, foi fácil avistar as camisolas amarelas do João Lima e da Isa. Como sabem, foi com eles que fiz todos os meus treinos longos. Estavam calmos, tal como eu. A Isa também se estreava na maratona.

 
Falámos um pouco e aproveitámos para a última ida à casa de banho. O João e a Isa iriam fazer a prova juntos, eu tentaria correr um pouco mais rápido.
Aproveitei para ver o aquecimento dos atletas de maior nomeada, os africanos. É quase tudo malta de baixa estatura e muito magra.


O João conhece quase todos os atletas do pelotão, entre eles o grande atleta de Trail, Luís Mota, com quem estivemos um pouco à conversa. Uma pessoa simples e simpática, um verdadeiro Campeão. Também encontrámos o Pedro Carvalho, ia participar na sua segunda maratona e queria baixar das 4 horas.
Já mais perto da hora de partida, encontrámos o Jorge Gois ,que eu já tinha conhecido (através do João) no GP do Atlântico. O Jorge já era maratonista.
Quando já falta muito pouco para o tiro de partida, reparo que o meu Garmin ainda não tinha apanhado o sinal de satélite. É dada a partida e satélite nada. Não acredito nisto, é a minha estreia na maratona e não vou registar o tempo como deve ser. Estava eu todo lixado, quando o Jorge Gois se aproxima e me pergunta que marca estava a pensar fazer. "Epá, se conseguisse fazer 4h30 era espetacular, mas não sei se consigo". Entretanto o relógio lá apanha o satélite, mas já estamos quase no 1º km. Chegados ao km 1, reinicio o cronometro para poder controlar o ritmo/km. Ao menos isso.
O Jorge diz-me que esteve adoentado, treinou pouco, e como não iria dar o seu máximo, ofereceu-se para me acompanhar durante a prova. Como se verá no final, este foi o momento crucial da minha estreia na maratona. Correr acompanhado por um atleta mais experiente, fez toda a diferença.
Nos primeiros km, conversámos muito sobre os cuidados a ter numa maratona. Não se devia forçar muito no início, 42 km não eram brincadeira. A hidratação também era muito importante, não falhar nenhum abastecimento. Levei uma bolsa à cintura com géis, marmelada e uma barra energética, não queria ser apanhado desprevenido.


"Este ritmo está bom para ti?" perguntava o Jorge, eu disse que sim e continuámos a correr a uma média de 6:20/km.
Até aos 10 km, nem reparámos nas placas a informar a distância.
A determinada altura, juntou-se a nós uma atleta conhecida do Jorge, a Sandra Silva.


A Sandra já tinha feito outras maratonas, mas queria fazer esta prova a um ritmo calmo. A conversa e a presença do mar, ajudaram a não dar conta da passagem dos km.
Em Oeiras, fizemos um desvio e a certa altura houve cruzamento dos atletas. Consegui ver a Isa e o João, parecia que estava tudo bem.
Pouco depois, outro atleta conhecido do Jorge se juntou ao grupo. Era o Luís Parro, estava a fazer um treino longo e ao mesmo tempo tirava fotos ao pessoal. Este atleta corre que se farta e é uma companhia bastante alegre. Mais tarde, o Luís foi à vida dele e a Sandra preferiu fazer a prova num ritmo mais controlado. Foram uma boa companhia.
Eu estava a aguentar o ritmo, mas seria assim até ao final?
Nos abastecimentos, bebia alguma água e molhava a cara com a que restava. O calor já apertava.
Aos 18 km, em Caxias, entrámos no passei marítimo e por aí fomos até à Cruz Quebrada.
Durante esta parte do percurso, jovens empunhavam bandeiras de vários Países. Houve muitas nacionalidades nesta prova.
E chegámos a Algés, à marca da meia maratona. Até ali, o nosso ritmo tinha andado sempre entre os 6:10 e os 6:30/km.
O Jorge ia sempre perguntando se estava tudo bem e eu confirmava que sim. Estava bem e não me doía nada. Como previsto, de 5 em 5 km tomava um gel e não tinha nenhum sinal de fraqueza. Mas ainda faltava outra meia maratona.
Penso que foi nesta altura que encontrei a Carla e o Jaime com as suas bicicletas. Este simpático casal não quis faltar com o seu apoio. Muito obrigado aos dois.
Até ao Terreiro do Paço, mantivemos a mesma passada e fomos ultrapassando muitos atletas. Eu sentia-me bem, mas começava a pensar se não estaríamos a exagerar no ritmo. Ainda faltava tanto! E se aparece o tal muro?
A ideia do Jorge era tentar manter este bom ritmo e abrandar um pouco na passagem pelos Restauradores. De facto, o trajeto para os Restauradores convidava a correr de forma mais calma e assim fizemos.
"Agora é que a maratona vai começar" disse o Jorge, 32 km já tinham ficado para trás. O meu maior treino longo, foi exatamente essa distância, agora era tudo novidade para mim.
Nos abastecimentos, começávamos a andar 5 metros antes e só iniciávamos a corrida 10 a 15 metros depois, os poucos segundos que se perdiam eram compensados por uma boa hidratação. Esta indicação do Jorge foi muito importante para nos manter-mos bem hidratados. Nestes abastecimentos já havia bananas e laranja, souberam mesmo bem.
Agora os km demoravam a passar, nunca mais chegava a placa do km seguinte, era a parte mais difícil da prova. Em Santa Apolónia, distraí-me um pouco das dificuldades ao olhar para um enorme navio de cruzeiro que lá estava atracado.
As minhas pernas já não eram as mesmas, estavam mais pesadas e começava a ter dificuldades em acompanhar o ritmo do Jorge. Até aos 40 km vi muitos atletas a bater no tal muro, deitados na berma da estrada e a serem ajudados por outros atletas. Mesmo ao entrar na zona da Expo, vejo um atleta a entrar numa ambulância com a ajuda dos médicos. Já imaginaram, depois de correr 40 km, não ser capaz de dar mais um passo? Não terminar uma maratona, quando se está a menos de 2 km do final? Primeiro está a saúde, claro, mas deve ser uma sensação terrível.
Quase a chegar ao Vasco da Gama, comecei a pensar que se calhar ia conseguir, ia ser maratonista. Em frente ao C. Comercial, estava a Rute. Já tinha corrido a meia maratona, mas voltou para acompanhar os amigos que se estreavam na distância. Correu connosco o último km de prova, um gesto bonito e que não esqueceremos. Obrigado Rute.
Depois de correr os derradeiros 195 metros, corto a meta cansado mas feliz, tinha conseguido terminar a minha 1ª maratona. Recebo a medalha, é bonita e pesada. Quem acaba uma maratona merece uma medalha assim.
Já fora da zona da meta, sou atacado por fortes cãibras, primeiro a perna direita e logo de seguida a esquerda. Nunca me tinha acontecido uma coisa destas, deito-me no chão e sou ajudado de forma a colocar os músculos no lugar. Passado uns minutos, consigo levantar-me mas fico a andar com algumas dificuldades. Posso dizer que tive sorte, atingi o meu limite já depois de passar a meta. Se isto tivesse acontecido aos 37 km, muito dificilmente terminaria a prova.
Entretanto fiquei a saber que o João Lima tinha desistido da sua 2ª maratona devido a problemas intestinais. Foi pena, são situações que podem sempre acontecer. Naquela altura já estava bem. Mas a deceção de ter que desistir, foi largamente suplantada pelo orgulho de ver a Isa terminar a sua 1ª maratona. Ficou provado, se dúvidas houvessem, que ela é uma mulher de fibra. Parabéns Isa.


Como já disse, foi muito importante para mim ter a companhia de um atleta mais experiente. Podia terminar a prova, mas o tempo não seria de certeza 4:29:32.

Por isso, o meu muito obrigado ao Jorge Gois pela grande ajuda que me deu.


Dia 6 de outubro de 2013, foi um dia muito importante para mim. Consegui correr uma maratona. Fiquei a acreditar mais em mim. Se eu me esforçar, eu consigo.


Parabéns a todos os amigos da blogosfera, que participaram na mini, na meia ou na maratona. Todos ganhámos!


domingo, 6 de outubro de 2013

Consegui, sou Maratonista!!!


                            4:29:32

Olá pessoal.
Para já, vou ser rápido.
É só para informar, que hoje consegui terminar a minha primeira Maratona!
Terminei com o tempo acima. Para mim, um tempo espetacular!
Este tempo só foi possível, porque tive a ajuda de um amigo aqui dos blogues. No relato falarei dessas coisas todas. Vai é demorar um pouco.

Mais uma vez, obrigado a TODA a malta que me deu força durante a preparação.
No último post, esqueci-me de falar nos leitores do Brasil. Peço desculpa. Muito obrigado ao pessoal aí do Brasil.

Neste momento, estou todo partido. Estou em fase de recuperação.

Mas estou muito contente!

Deixo aqui um vídeo já conhecido, mas que retrata bem o que se passa comigo. Amanhã, espero não ir para o trabalho assim :)






Muitos parabéns à Isa, também ela terminou a sua primeira maratona.


Boa semana para todos!

sábado, 5 de outubro de 2013

Obrigado a todos pelo apoio


 
Pois é, está a chegar o grande dia. Hoje corri pela última vez antes de me estrear na Maratona. Foram vários meses a tentar seguir um plano de treinos, o que nem sempre consegui. Mas penso que fiz o suficiente para poder terminar o meu maior desafio desportivo. Estou confiante e ansioso pelas 10h de domingo.


Foi importante para mim ter criado este blogue. Aprendi muito ao contactar com pessoas que, como eu, adoram a corrida. Pessoas das mais variadas zonas do País. Já conheço algumas pessoalmente, é tudo pessoal simpático e amigo. De certeza que vou conhecer muitas mais, numa qualquer corrida por este nosso Portugal.
Quero agradecer a todos os leitores deste blogue, pela força e conselhos que me deram.
Os mais experientes, deram conselhos mais técnicos. Os menos experientes, deram palavras de incentivo. Todos foram importantes, por isso não vou falar em nomes, ainda me esquecia de alguém.

Um agradecimento especial ao João Lima e à Isa, foi com eles que fiz todos os treinos longos. O João vai fazer a sua 2ª Maratona e a Isa faz a sua estreia na distância. Com companhia assim, quase que não dei pelas dificuldades. Quase.
Outras pessoas se juntaram a nós durante esses treinos, a essas também o meu obrigado pela companhia e incentivo. Foram eles, Pedro Murtinhal (estreia na Maratona), Carla, Jaime, Sílvio, Francisco, Rute e Pedro Carvalho (2ª Maratona).

Muitos amigos da blogosfera vão correr neste domingo, na Maratona ou na Meia Maratona.
Uma boa prova para todos.

E pronto, agora é comigo. Espero dar conta do recado. Estou preparado para sofrer, mas quero vencer este desafio. E vou vencer! Vamos todos vencer!

Mais uma vez, muito obrigado a todos.