segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Trail Nocturno da Lagoa de Óbidos 2013

 
Depois de participar no Trilho das Lampas, logo disse que gostaria de participar em mais provas nocturnas. Ouvi falar no TNLO e em como era uma prova bem organizada e em que as inscrições esgotavam rápido. Assim  que as inscrições abriram, logo tratei de fazer a minha. Esgotaram passados cinco dias.

Este fim de semana era o último da Feira Medieval, portanto Óbidos estava a abarrotar de gente. Devido às provas de Trail, havia uma mistura curiosa de pessoas em passeio e de atletas todos equipados para as respectivas provas. Não havia engano possível, era dali que o TNLO partia. O UTNLO (50 km) tinha a sua partida às 21 horas e o TNLO (25 km) às 21h45. Antes da partida houve um pequeno briefing da organização sobre o percurso e as marcações do mesmo. Nessa altura já tinha encontrado a Rute e mais duas pessoas que ela conheceu através do seu blogue, a Andreia e o Marcelo. O Artur Bernardo, amigo da Rute, juntou-se a nós pouco depois da partida. Os blogues são um bom meio para conhecer pessoas que partilham o mesmo gosto pelas corridas e também pela natureza.
Os primeiros momentos da prova são passados em corrida lenta pelas ruas da vila, as pessoas a passear abriram alas para a nossa passagem. Foi engraçado, já tinha estado por várias ocasiões em Óbidos, mas nunca imaginei que ia ser aplaudido ao mesmo tempo que corria pelas suas ruas.
Entretanto, passámos por um  pórtico que dava, de forma oficial, início à prova.
Neste tipo de provas, ainda por cima com 25 km, passamos por tantos sítios e tantos tipos de piso que me é difícil estar a localizar o relato em termos de km.
Se eu pudesse, em certos lugares puxava de um bloco de notas e punha no papel todas as sensações ainda frescas. Demorava era muito mais tempo a concluir a prova, além de que à noite não dá muito jeito estar a tirar notas.
Como não tirei apontamentos, vou falar sobre algumas partes do percurso de que me lembro melhor.
Lembro-me por exemplo, de uma descida muito acentuada que teve de ser feita muito devagar e com extremo cuidado. Havia pedras, raízes e a terra estava muito solta. Uma pequena distração e era o pessoal a bater com o rabinho no chão, aconteceu-me uma ou duas vezes. E como os atletas iam todos muito juntos, se alguém escorregasse por ali abaixo era perigoso para quem ia à sua frente.
Rapidamente chegámos ao abastecimento dos 8 km. Tínhamos perdido contacto naquela descida e neste abastecimento reagrupámos . O Marcelo que tinha um andamento mais forte, desapareceu de vista.
Depois deste abastecimento, lembro-me de alguns km feitos em estradões de terra batida em que se correu a bom ritmo. Nesta altura já tinha confirmado que o meu novo frontal dava bastante luz (dupliquei a potência em relação ao anterior). Foi nesta altura que me espalhei ao comprido. Já no Trilho das Lampas tinha acontecido o mesmo, felizmente que as quedas não tem sido em zonas de muito desnível. Mas quando o terreno é mais ou menos plano, baixo a concentração e... pumba. Basta uma pequena pedra ou raiz para me levar ao chão. Ainda bem que não houve consequências físicas.
Houve uma altura que me lembrei do Almonda, quando passámos por uma zona totalmente coberta de arbustos e em tivemos de nos baixar para conseguir passar. Também houve canaviais, em que era importante usar as mãos para desviar as folhas da nossa cara.
Um tipo de piso de que não gosto mesmo nada é o piso de areia. Houve algumas zonas com este tipo de piso e nestas altura é difícil progredir no terreno. Não consigo imaginar o que é fazer uma maratona na areia (UMA).
Também tivemos que passar por pequenas pontes de madeira, o que é sempre interessante.
O que não faltou foram troncos de árvores caídas, a exigir muita atenção e também algum esforço para as ultrapassar.
Outro tipo de piso que criou dificuldades, foi o piso com erva que tapava alguns pequenos buracos. Um pé mal colocado e podia haver uma torção.
Ainda não falei de subidas, mas elas estiveram presentes. Tiveram a sua dificuldade, mas a nossa determinação levou a melhor. O problema maior foi a terra escorregadia, houve necessidade de nos agarrar-mos a ramos para não cair.
Nestas provas nocturnas não dá para tirar grandes fotos. A única que escapou foi esta do abastecimento dos 15 km.


Outro aspecto de que tenho de falar são os cursos de água. Houve provas em que tive de ultrapassar cursos de água, mas havia sempre a hipótese de não molhar os pés. Desta vez, essa hipótese não se colocou. Se não me engano houve três ocasiões em que a água esteve bem presente. Na primeira, ficámos com água até ao tornozelo. Na segunda já foi até ao joelho e tivemos que nos ajudar uns aos outros para sair de dentro de água. Correr com as sapatilhas cheias de água foi uma sensação nova para mim, ficam mais pesadas e dificultam um pouco mais a passada. O terceiro encontro com a água foi espectacular.
Nesta altura tive uma distração e só quando me chamaram é que me apercebi que ia enganado. Volto para trás e vejo a malta a entrar num ribeiro e a ficar com água pelos joelhos. Ouço um homem a dizer que tinha claustrofobia e não entrava no túnel.
Túnel? Mau, querem ver que é tipo forças especiais e temos de passar um túnel cheio de água e lama só com o nariz de fora. Felizmente não se chegou a tanto. Era um túnel com 15 ou 20 metros de comprimento, tinha água pelos joelhos, era baixo e não cheirava muito bem. Tivemos de nos curvar para lá entrar. O tal homem foi convencido a entrar e todos passámos sem problemas. Gostei deste obstáculo, penso que toda a gente gostou pois ia tudo alegre e a comentar a situação. O cheiro é que era de evitar.
As marcações do percurso estavam bem feitas, mesmo assim houve enganos durante alguns metros "Epá, alguém esta a ver as fitas? Eu não vejo nenhuma". Nessas ocasiões calhou ser eu que ia à frente do grupo, supostamente atento às marcações, mas bastava uma pequena desatenção e lá tínhamos de voltar para trás. Sempre que se via alguém ir na direção errada, gritava-se a avisar.
Mesmo no final da prova, ainda tivemos uma subida com degraus de madeira até lá acima às muralhas, local onde acabou a prova. Foi uma parte final bastante dolorosa. 
A meta é engraçada, no final dos degraus passamos por um pequeno pórtico e deparamos logo com pessoas a aplaudir quem chega. Acabaram por ser 26 km de prova, demorámos 4h04 a concluir. Ficámos nos lugares 324 a 327 entre as 390 pessoas que terminaram a prova, uma prestação muito boa de todos. Tivemos direito a uma caneca alusiva à prova, a juntar à t-shirt e a uma pequena garrafa de ginjinha que recebemos com o dorsal. Também houve, entre outras coisas, uma sopa que caiu muito bem no estômago.

Esta prova merece a fama que tem, percebe-se a razão de as inscrições esgotarem num instante. Prova bem organizada e com dificuldades variadas e boas. A hora de partida foi para mim um desafio aliciante, nunca tinha corrido quase até às 2h da manhã e gostei muito. Para o ano que vem, vou estar atento às inscrições para não falhar nova presença.
Gosto de fazer este tipo de provas em grupo, poder durante a corrida comentar com os companheiros de desafio as dificuldades por que se passa. Gosto deste sentimento de partilha das dificuldades e do prazer que é chegar ao final. Posso dizer que fui feliz durante estas 4 horas.

Obrigado à Rute, à Andreia, ao Artur Bernardo e ao Marcelo (durante a parte inicial da prova) pela companhia.

Boa semana para todos.

20 comentários:

  1. "fui feliz durante estas 4 horas"

    Quando assim é, o que mais se pode acrescentar?

    Parabéns Vítor!

    Um abraço

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    1. Obrigado João.
      Podemos acrescentar mais provas :)

      Abraço.

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  2. Parabéns Vitor!
    Mais um desafio que superaste!
    Deve ter sido uma prova muito interessante. Só o facto de terem andado com água e lama até aos joelhos deixa-me já com vontade de ir lá para o ano :)
    Beijinhos e bom descanso.

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    1. Obrigado Isa.
      É como eu tenho dito, estas provas são uma verdadeira aventura. Em 2014 não vais faltar!

      Beijinhos.

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  3. Parabéns Vítor. Para mim as partes de atravessar a "água" (chamemos-lhe assim), foram muito desmoralizantes. Mas de resto gostei bastante.
    Abraço e boas corridas. Encontramo-nos nas Lampas.

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    1. Obrigado Tiago.
      Na primeira vez que molhei os pés a sensação não foi boa, mas depois até gostei. Em 2014 não quero faltar.

      Abraço e até às Lampas.

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  4. Epá! Agora são só trails! E com distâncias consideráveis! Um abraço

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    1. Sílvio, agora é só de 20 km para cima :)

      Abraço.

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  5. Olá Victor,
    já tive oportunidade de me desculpar no blog da Rute e aproveito e faço aqui também. Não era minha intenção descolar do grupo, mas como me estava a sentir muito bem, entusiasmei-me na descida antes do 1º abastecimento e não parei mais. Mas mais valia ter esperado por vocês porque acabei por fazer grande parte da prova completamente sozinho, fui ultrapassando uns e outros mas rapidamente me via sozinho novamente. Olhando para trás posso dizer com toda a certeza que a parte que gostei mais de fazer, foram os 7 ou 8 km na vossa companhia.
    Até uma próxima prova, grande abraço.

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    1. Marcelo, não tens de pedir desculpa. O teu andamento é superior ao nosso. Fizeste bem em seguir o teu ritmo. O importante foi termos conhecido outro amigo das corridas. Vai aparecendo por aqui.

      Abraço e até qualquer dia numa qualquer prova.

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  6. Obrigada pela companhia, fizemos todos uma grande equipa! União de forças e de luz! :)
    Só temos de aprimorar os nossos dotes de orientação e capacidade de concentração (achei especialmente difícil nesta prova nocturna) e para o ano ninguém nos ganha (em alegria)! muahah ;)

    Beijinhos

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    1. De nada!
      Eu é que agradeço.
      Quando falas de "aprimorar os nosso dotes de orientação" queres dizer que deve ir outro, que não eu, na frente? :)
      Devido aos enganos, aqueles 4 minutos estão ali a mais.
      Para o ano será com mais alegria (ainda mais) e faremos um tempo abaixo das 4 h.

      Beijinhos.

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  7. Boa Vitor, parabéns por mais esta aventura, que pelos vistos foi bem divertida. As quedas fazem parte e até são divertidas se não houver lesões com isso. Para o ano estarás lá novamente, mas desconfio que será para a prova que sai um bocadinho mais tarde, pelas 21.45h. Se eu puder tb estarei presente. O teu frontal funcionou bem? Que marca é, onde compras-te? Nunca fiz corrida à noite com frontal, mas tenho que comprar um e não faço a mínima ideia o que fazer?
    Abraço

    P.S. Não vais a Pampilhosa dia 17.08? Era porreiro, finalmente teria oportunidade de te conhecer.

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    1. Obrigado Carlos.
      Foi espectacular, para o ano quero lá estar outra vez. Para os 50 km ainda é cedo.
      Comprei o meu frontal na Decathlon, tem 90 lúmen e é da marca Black Diamond-Spot. Penso que dá uma luz suficiente para estas provas, não me deixou ficar mal.
      Não vai dar para ir a Pampilhosa da Serra (não digas nada à Anabela:) )
      Vai haver outras oportunidades para nos conhecermos.

      Abraço.

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  8. Obrigada Vítor, pela tua companhia, companheirismo e ajuda no TNLO. Foi bom correr convosco!
    Até uma próxima.

    Bjs,
    Andreia Carreira

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    1. Uma das coisas boas dos blogues, é poder conhecer pessoas simpáticas e que, tal como nós, gostam de correr.
      Andreia, gostei da tua companhia em Óbidos.
      Para 2014 está atenta às inscrições :)

      Beijinhos e até uma próxima prova.

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  9. Vitor , muito obrigado pela companhia e parabéns pela grande prova que fizeste , aliás toda a "equipa" :D

    ...da minha parte , é um orgulho e alegria (apesar de não o demonstrar, sou muito "low profile") :) , dizia , foi uma alegria ter feito a prova em tão boa companhia , grande equipa (para o ano é tudo aos 50K) :)

    obrigado e bons treinos
    abraço

    AB

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    1. Obrigado Artur.
      Foi uma grande equipa, sem dúvida.
      Quanto aos 50 km, logo se vê. Ainda tenho a minha 1ª Maratona em Outubro. Se correr bem...
      Obrigado pela companhia.

      Abraço

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