Voltando um pouco a trás, quando em setembro de 2012 acabei a meia maratona da ponte Vasco da Gama em 2h03m, apercebi-me que estava a regredir em termos de resultados. Sempre tinha feito tempos abaixo das 2 horas, por isso decidi nessa altura que na próxima meia maratona (a 9 de dezembro) teria como objetivo correr abaixo de 1h50m e além disso queria perder peso. Pois bem, nessa meia maratona não fui além de 1h54m, tirei 9 minutos ao tempo anterior mas falhei o tempo a que me tinha proposto. Não desanimei e mantive o objetivo para o dia 24 de março de 2013. Tinha de treinar mais e melhor e ,acima de tudo, perder o peso que não tinha conseguido perder até ali. Não segui nenhum plano de treinos, mas treinei com mais qualidade. Fiz séries e treinos mais longos, coisa que há muito não fazia. A perda de peso é que não teve o resultado esperado, apenas perdi neste período cerca de 1,5 kg. Seria suficiente para alcançar o objetivo pretendido?
Eram 9h15 quando cheguei à zona da partida, depois de uma curta viagem de comboio.
Nunca me passou pela cabeça chegar mais cedo, mesmo assim teria que esperar mais de uma hora pela partida. Mas verdade seja dita, se tivesse chegado mais tarde a confusão seria muito maior. Assim até que não correu mal, tendo em conta que havia 37000 inscritos.
Entretive-me um pouco a ler um jornal desportivo que levei, embora o assunto principal fossem as eleições do clube rival. Enfim, valia tudo para passar o tempo.
Comi uma barra energética, bebi 0.5 L de água e ainda consegui fazer um pequeno aquecimento. Nas corridas das pontes é raro conseguir fazer o aquecimento.
E chega o momento da verdade, será que ia conseguir? Depois de tanto tempo a falar disso no blogue, do apoio que recebi dos amigos da corrida, comecei a sentir o peso da responsabilidade. " Vou dar o máximo e depois logo se vê ". Foi com este pensamento que comecei a prova e fosse qual fosse o resultado, corridas e objetivos não iam faltar.
Tentei não forçar muito logo de início, mas a verdade é que me deixei ir e fiz os primeiros 7 Km sempre abaixo de 5:15/Km. Estava sentir-me bem e nem pensei que podia, eventualmente, pagar um preço elevado lá mais para o final da corrida. Não me queria afastar muito do ritmo necessário para atingir o meu objetivo e como tinha feito a Corrida das Lezírias (15,5 Km) a uma média de 5:06/km ia tentar aguentar o andamento.
Entretanto chegamos à Av. da Ribeira das Naus e fazemos o retorno, tínhamos agora cerca de 8/9 Km até ao outro retorno quase no Dafundo. Nesta altura estava com pensamentos positivos, o ritmo era bom e não me estava a ressentir muito. Estava calor e aproveitei todos os abastecimentos para me refrescar.
Aos 11 Km comecei a sentir uma pequena dor no pé esquerdo, por debaixo dos dedos. Não era muito forte mas incomodava, comecei a ficar preocupado e abrandei um pouco para analisar melhor a situação. Não parecia ser grave, mas foi o suficiente para o ritmo baixar para cerca de 5:30/Km. Se este fosse o único percalço estava eu bem. Ainda estava dentro da média. O pior veio aos 15 Km, comecei a ter uma sensação conhecida e bastante desagradável. Comecei a sentir as pernas pesadas e o pensamento de que podia falhar o objetivo também apareceu pela primeira vez. Não podia ser, desta vez tinha feito treinos longos exatamente para estar preparado para esta altura da corrida. Isto não podia estar a acontecer novamente. Mas estava.
Tomei um gel que tinha levado, na esperança que os músculos dessem sinais de recuperar.
Dos 15 até aos 18 Km foi um sacrifício tremendo, estava a ver o ritmo a baixar e o que me vinha à cabeça era "vou falhar".
Foi uma luta terrível entre a mente e o corpo, a mente a ordenar ao corpo e este a fingir que não ouvia. Ele ouvia mas não estava a ser capaz de reagir. E o retorno que não chegava, será que era na Cruz Quebrada?!!!
Finalmente vejo os atletas a voltar. Até que enfim, porra!!!
Faltavam somente 3 Km para a meta e apesar do tempo ser superior ao que eu queria, ainda era possível. Teria era que correr a 4:50/Km.
Dei o que tinha e o que não tinha, ao mesmo tempo que olhava para o chão tentando evitar as cascas de banana que alguns irresponsáveis tinham atirado para o meio da estrada. Não queria aceitar que poderia falhar o objetivo por tão pouco tempo. Mas infelizmente o ritmo não aumentou o suficiente, e comecei a preparar-me para a possibilidade de não conseguir a marca pretendida. Corria de forma tão desesperada, que até tive receio de me dar qualquer coisa má. Cortei a meta, parei o relógio e lá estava o tempo de 1h51m17s. Foi por pouco mais de 1 minuto. Foi pena.
Devo confessar que não fiquei tão chateado como pensava que ia ficar. Estava de rastos, dei o máximo. Apesar de não ter atingido a marca que pretendia, 1h51m era um grande tempo. Tinha tirado 3 minutos ao tempo da meia anterior.
Já na pose da bonita medalha e a saborear um gelado, o pensamento nesta altura era de contentamento por mais uma meia maratona concluída. Tem sido sempre esse o pensamento e isso é o importante.
Agora que já passou um dia, tenho a certeza que o problema foi o peso que não perdi. Menos 4 ou 5 kg tinham feito toda a diferença.
Enquanto não perder cerca de 5 kg, não vou colocar mais nenhum objetivo de tempo aqui no blogue. Aliás, a perda de peso passa a ser (outra vez) o meu grande objetivo. Não só porque vai melhorar os meus tempos, mas principalmente porque tenho realmente alguns kg a mais.
Mas não estou arrependido de ter dado conhecimento do desafio 1h50m, afinal desde essa altura baixei 12 minutos na meia maratona.
Quero agradecer, mais uma vez, a todos os que me incentivaram neste meu desafio. Não foi por falta de apoio que falhei o objetivo.
Deixo aqui algumas fotos que tirei, antes e depois da corrida.
Boa semana e bons treinos a todos.