Sinto-me muito bem ao saber que consigo fazer parte do pelotão das corridas.
E desta vez não foi diferente, ainda por cima sendo uma meia maratona e com muitos milhares de atletas.
Não treinei de forma a fazer um grande tempo, eu sabia disso. Mas estava confiante que faria uma marca entre 1h55 e 2h, que tem sido o meu habitual.
Na véspera deixei o equipamento todo preparado para não haver stress.
Dormi bem e tomei o pequeno almoço do costume.
Já na estação de serviço da rotunda do relógio, tomei um café e comprei um jornal desportivo para me entreter na ponte. Só numa situação como esta é que compro jornais desportivos.
Às 8h45 estacionei o carro e dirigi-me para a Gare do Oriente que estava a cerca de 500 m.
Fui sozinho, mas na Gare dei uma volta a ver se conhecia alguém. Impossível, no meio de tanto amarelo. Entrei num autocarro já cheio e fiz a viagem de pé. Burro, podias ter esperado pelo próximo.
No autocarro deu para perceber que havia muito estrangeiro para correr a meia maratona. E também que muita gente tem aversão a água.
Já na ponte andamos cerca de 10 minutos até chegar-mos à zona de partida e é esse o nosso único aquecimento. Se não houvesse separação entre os atletas da mini e os da meia não participava. É muita confusão.
Como disse, levei o jornal e entretive-me a ler até ao início da corrida.
O speaker da prova era irritante. Ainda bem que a corrida começa, pois não aguentava mais o gajo.
Não faço grandes planos para durante as corridas. Tinha pensado ir nas calmas até aos 10 km e logo via como me sentia nessa altura. Queria simplesmente fazer menos de 2 horas.
Posso então dizer que até meio da prova não tive dificuldades. Geralmente os meus treinos são de cerca de 10 km.
Tomei um gel e fui bebendo água sempre que havia abastecimento. Estava um dia quente.
Levei o mp3 com música seleccionada nos dias anteriores. Em meias maratonas não passo sem música, de preferência rock. Durante a corrida, algumas bandas iam actuando para a malta.
Na preparação para esta meia só fiz dois treinos mais longos, de cerca de 15 km. E senti na prova, que devia ter feito mais alguns.
A partir dos 14 km aparecem as primeiras preocupações. As pernas começam a ficar cansadas e o ritmo desce para 6:15 o km. A respiração estava boa mas as pernas não. Vi que assim não ia conseguir baixar das 2 h.
Tento esforçar-me um pouco mais, mas as pernas não respondem. Deixei-me ir àquele ritmo. Não havia nada a fazer. Aos 18 km estive para parar um pouco mas aguentei.
Chego aos 19 km e nessa altura sei que o objectivo das sub 2h já era. Mas também sei que vou conseguir acabar mais uma meia maratona.
E assim, foi com muito sacrifício que cortei a meta em 2h03m. Tinha um sentimento misto de dever cumprido e de orgulho.
A medalha é a mais bonita que recebi até hoje. Mais orgulhoso fiquei.
O que eu detesto nestas provas de muita gente é o depois de cortar a meta. Junta-se muita gente e ficamos ali parados depois de 21 km. Não devia ser assim. Mas admito que é complicado controlar tantos atletas.
Estou a fazer alongamentos, quando começa o concerto dos Xutos.
Aproximo-me e acabo por assistir a 5 músicas. Espectacular como de costume. Ainda estão ali para as curvas.
Não assisti ao concerto todo porque depois daquele sofrimento o estômago começou a dar voltas e tive que ir ao carro comer qualquer coisa. Já não tive forças para voltar.
Fui para casa e nessa tarde dormi uma grande sesta. Estava a precisar.
Para a semana temos a corrida do Aeroporto. São cerca de 9 km.
Espero que o Vitor Gaspar me deixe continuar a entrar em corridas.
Bons treinos para todos.
Foi o teu relato de prova que mais gostei de ler!
ResponderEliminarSó não percebi se a "aversão à água" era à do rio ou à do banho!:)
Por acaso esqueci-me de referir o speaker na minha crónica, mas é verdade que não se calava! E quando começou a gritar "palminhas, palminhas" durante uns bons 30 segundos?!
Mesmo assim, com esse sofrimento todo, só ficaste a 3 minutos do teu objectivo. Se tivesses parado para caminhar ter-te-ias sentido pior ctg próprio, por isso já foi bom teres resistido à tentação!
Parabéns e venha a próxima!
PS: A mim, o Vitor Gaspar já me tirou a prova do Aeroporto e a do Sporting (€15??!)... (Se bem que a do Aeroporto confesso que também é mais por não querer esforçar já as pernas... ;) )
Obrigado.
ResponderEliminarEstou a tentar evoluir nesta coisa dos blogues.
E tenho aprendido muito ao ler o que escreves.
linda medalha!
ResponderEliminarum arraso mesmo com essa guitarra!
gostei:)
é tão... desanimador quando falta perna, né? :)
a gente quer acelerar, quer ir mais forte, e as pernas, voluntariosas, só fazem o que elas querem:)
uma das coisas que gosto muito nas corridas fora do asfalto é que geralmente são poucos inscritos, então é bem tranquilo!
e como são poucos corredores, a gente acaba se aproximando mais, conversando, partilhando...
parabéns pela garra, pela força de seguir!
Obrigado Elis.
EliminarA verdade é que não estava preparado para fazer melhor.
Também prefiro as corridas fora do asfalto, apesar de fazer poucas.
Vou continuar a estar atento ao seu Blogue. É muito motivador.
Bjs.